E abaixo segue minha primeira matéria, postada em um blog hoje extinto. Não posso dizer que as futuras matérias seguiram a linha dessa primeira, mas de qualquer forma vale apena o post.
O que quis introduzir acima é o fato da busca pela imortalidade deis das primeiras civilizações, ser muito presente. Claro, a luta pela sobrevivência é um elemento comum entre todos os seres vivos e talvez seja o único (A bactéria GFAJ-1 foi capaz de substituir o Fósforo, tido como um dos elementos fundamentais para a vida, pelo Arsênio como foi recentemente anunciado pela NASA), logo uma espécie de intelecto mais avançado transcender essa razão básica, não é tão surpreendente.
Hoje nos deliciamos com nossa "utópica" medicina em seus últimos inacreditáveis avanços. O mundo nunca antes se vira assim, do raio-x às telas da videoendoscopia. Nosso coração bateu mais forte com a circulação extracorpórea. Respiramos mais fundo, mesmo sem os pulmões, graças aos aparelhos de respiração artificial. Ganhamos uma segunda vida com transplantes de órgãos. Percebemos o que era quase imperceptível usando o método imunoenzigmático. Tornamo-nos mais saldáveis ao conhecer os antibióticos e prevenidos ao tomar as vacinas. E entre muitas outras coisas, até mesmo congelamos nossos filhos, que agora esperam pela hora da fecundação. Chegamos longe, muito longe, porém aquela infinita ambição (que muitos esqueceram) ainda esta distante, distante demais, mais do que o curto tempo de nossa vida pode alcançar. Quem dera tivéssemos uma maquina do tempo. Por sorte, somos criativos.
Durante o inverno nórdico, as baixas temperaturas são responsáveis pelas imigrações e hibernações. Já espécies de animais ectotérmicos podem evitar o congelamento ou sobreviver ao mesmo, graças a substancias crio-protetoras e supercongelamento. Para tanto são necessárias condições especiais: formação de gelo controlada, preservação da estrutura e função celular e viabilidade celular.
Embora o gelo seja um inimigo natural da vida, assim como o fogo, sendo corretamente manipulado pode proporcionar grandes benefícios.
Em 1964, é escrito o livro The Prospect of Immortality por Robert C. W. Ettinger, livro que, ao promover o conceito da
criogenia para um amplo publico, o daria o título de Pai da criônica. "Uma ambulância para o
futuro", sintetiza bem a idéia apresentada. Ettinger também seria apontado
como um dos pioneiros do transumanismo com seu livro Man into Superman. Outro destaque é Jerry Leaf (1941-1991) que trouxe, durante os anos de
1970 e 1980, pericia médica sem precedentes para o campo e introduziu
tecnologias. Robert C. W. Ettinger e Jerry Leaf são os fundadores da criônica.
Criônica defini-se como: a prática especulativa de
preservamento a baixas temperaturas com nitrogênio líquido (-196°C), afim
de preservar os tecidos de uma pessoa, cuja vida não mais possa ser suportada
pela medicina atual, durante o tempo que for necessário (décadas ou
séculos) até que tecnologias futuras possam reverter os processo de suspensão e
restaurar o paciente em perfeita saúde. Para tanto as estruturas celulares
e químicas, críticas para a identidade, devem ser
suficientemente conservadas.
Embora a criônica tenha uma
"ampla cobertura"
pela imprensa, a mesma comumente retrata-a como excentricidade,
tolice ou coisas do gênero. Munida de idéias mal fundamentadas no intuito
de preservar o status quo. Logo a maioria das pessoas tem uma visão distorcida
da criônica.
Para compreender a base científica da criônica deve-se analisar a
seguinte pergunta: quando alguém esta realmente morto? Ou melhor, quando alguém
esta suficientemente morto, para cessarmos o suporte a vida?
A pergunta que pode parecer
simples, na verdade revela-se complexa quando cuidadosamente analisada. "À cem anos atrás, uma paragem cardiorrespiratória era
irreversível. Pessoas eram chamadas de mortas quando o seu coração parava de
bater. Hoje em dia acredita-se que a morte só acontece 4 a 6 minutos depois de
o coração parar porque após vários minutos é difícil de ressuscitar o cérebro.
No entanto, com novos tratamentos experimentais, é possível sobreviver a mais
de 10 minutos de paragem cardiorrespiratória quente sem lesões cerebrais.
Tecnologias futuras para reparos moleculares podem estender a fronteira da
ressuscitação até 60 minutos ou mais, tornando as crenças de hoje sobre quando
a morte ocorre obsoletas." Alcor Life Extension Foundation. Logo conclui-se que a
morte ocorre quando a química da vida entra em tamanha desordem que uma
operação normal não pode repará-la. Entende-se que em um certo ponto a
identidade do individuo perde-se, a partir desse ponto não a reparo.
Entre a vida e a morte. Se por um lado é inaceitável
submeter pacientes vivos a baixas temperaturas para sua
crioconservação, por outro lado é inútil vitrificar cadáveres. Assim,
idealmente, os procedimentos devem ter início acuando a paragem
cardiorrespiratória.
1º. A vida pode ser parada e
reiniciada se a sua estrutura básica for preservada. A exemplo de embriões humanos. E ainda existem
muitas outras situações. Em casos de cirurgia de aorta seres humanos foram
submetidos a paradas cardíacas em hipotermia profunda sem maiores
danos ou déficit neurológico. Indivíduos alcançaram silêncio electrocerebral
completo (índice zero em um parâmetro multifatorial bispectral,
derivado do eletroencefalograma) entre as temperaturas de 16°C e 24°C, sendo posteriormente recuperada a
temperatura normal, não ouve déficit neurológico, comprovando assim que a
dinâmica da atividade cerebral pode ser parada e reiniciada, sem perda da identidade
pessoal.
Aqui temos uma
possível solução para um problema fundamental, mas infelizmente essa própria solução esbarra com o sistema ao qual giram nossas
vidas, o monetário. Em tempos de reinvenção
da própria existência, pergunto-me se não será a hora de revermos
nossas relações uns com os outros e com o mundo?
Na busca pela "abolição da morte" creio que
haverão inúmeros obstáculos, porém afirmo que menos do que o melhor
é inaceitável. Por tanto, hoje é tempo de reconstruirmos a sociedade por
um todo, usando o melhor de nossas tecnologias, o melhor de nós mesmos. E assim
como o fim do feudalismo, renascimento e o iluminismo tiveram seu brio,
no passado, hoje tais revoluções marcarão a humanidade. Não! Todos nós sabemos
(embora nem todos admitam) que estamos próximos de algo sem
precedentes!
Concluindo-me. Pretendo comemorar todos os meus aniversários.
E aniversários nunca são o bastante.
Ufa! Terminou.